Lopez, Garcia, Fernandez, estes são apenas alguns dos principais sobrenomes de origem espanhola tanto na América Latina quanto na Espanha.
Contudo, será que apenas pelo simples fato de ter um sobrenome desses, você tem o direito de dar entrada na cidadania espanhola por sobrenome? De modo geral, filhos, netos e cônjuges de espanhóis podem se tornar cidadãos espanhóis, assim como quem reside no país.
Assim, podemos adiantar que ter um sobrenome espanhol não é necessariamente uma garantia a esse direito. Não entendeu nada? Então, não se preocupe! Neste artigo vamos explicar tudo sobre a cidadania espanhola por sobrenome, quem tem direito a ela e muito mais.
História dos espanhóis pelo mundo: uma jornada de guerras, colonização e muita cultura!
A história dos espanhóis pelo mundo é marcada por uma longa e rica trajetória de exploração, conquista e influência global. Durante a Idade Média, a Península Ibérica foi um imenso campo de batalha entre cristãos e muçulmanos. Esses últimos colonizaram a Espanha e Portugal durante mais de 700 anos, influenciando assim a cultura local. A Reconquista, um processo de gradual recuperação de territórios ocupados pelos árabes, culminou com a tomada de Granada em 1492, pelos Reis Católicos Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão.
Já no final do século XV, sob o reinado dos Reis Católicos, Cristóvão Colombo, um navegador genovês a serviço da Espanha, chegou às Américas em 1492. Isso marcou o início da era dos descobrimentos espanhóis. Assim, grandes exploradores como Hernán Cortés conquistaram o Império Asteca localizado no México, enquanto Francisco Pizarro fez o mesmo com o Império Inca na América do Sul. Dessa forma, a Espanha estabeleceu vastos impérios coloniais na América Latina e nas Filipinas, ampliando seu território fora da Europa e explorando as riquezas locais.
O século XVI e parte do XVII são conhecidos como o “Século de Ouro Espanhol”. Durante esse período, a Espanha alcançou um auge cultural e econômico, com a literatura de autores renomados como Miguel de Cervantes, autor do clássico “Dom Quixote de La Mancha”, a pintura de artistas como Diego Velázquez e a influência significativa na política europeia.
Porém, como acontece com todo grande império, no século XVII e XVIII se iniciou o gradual declínio espanhol, marcado por guerras com potências europeias rivais, como a Guerra dos Trinta Anos e a Guerra de Sucessão Espanhola. A Espanha perdeu territórios e influência global, mas ainda manteve algumas colônias americanas.
Contudo, no início do século XIX, as colônias americanas começaram a lutar pela independência. Por isso, a Espanha perdeu a maioria de suas colônias na América Latina durante as guerras de independência nas décadas de 1810 e 1820. Além disso, as Filipinas na Ásia também se tornaram um território disputado com os Estados Unidos.
No século XX, a Espanha passou por uma série de mudanças políticas, incluindo a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e o regime franquista. Após a morte de Francisco Franco em 1975, o país finalmente transitou para uma democracia parlamentar.
Hoje, a Espanha é uma nação moderna e membro da União Europeia. Sua influência global é expressa através da língua espanhola e sua cultura vibrante que atrai milhares de imigrantes de todas as partes do mundo, em especial daqueles países que um dia foram colonizados. O país desempenha um papel ativo na política internacional, na economia global e mantém laços históricos e culturais significativos com suas antigas colônias.
A migração espanhola no Brasil
A migração espanhola para o Brasil, ao contrário da colonização inicial, ocorreu em momentos mais recentes da história. No final do século XIX e início do século XX, houve um fluxo significativo de imigrantes espanhóis para cá, principalmente motivado por questões econômicas e sociais na Espanha.
Assim, o século XIX foi marcado por uma série de transformações na Espanha, incluindo instabilidade política, crises econômicas e sociais. Esses fatores incentivaram muitos espanhóis a buscar oportunidades em outros lugares, incluindo o Brasil, que estava em um período de desenvolvimento econômico.
Os imigrantes espanhóis que chegaram ao Brasil estavam envolvidos em diversas atividades econômicas. Alguns se estabeleceram em áreas urbanas e se dedicaram ao comércio, enquanto outros contribuíram para o setor agrícola. Além disso, alguns deles também se envolveram na indústria.
As regiões do Sul e Sudeste do Brasil foram os principais destinos dos imigrantes espanhóis. Dessa forma, cidades como São Paulo e Rio de Janeiro receberam uma parcela significativa desses imigrantes, que contribuíram para o crescimento econômico dessas áreas.
Os espanhóis que imigraram para o Brasil trouxeram consigo elementos culturais, como tradições culinárias, linguagem e costumes. Sua integração na sociedade brasileira contribuiu para a imensa diversidade cultural do nosso país.
Outro fluxo migratório ocorreu após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), quando algumas pessoas fugiram do regime franquista. No entanto, essa migração foi em menor escala em comparação com outros grupos de imigrantes, como os italianos e alemães.
A migração espanhola para o Brasil desempenhou um papel na formação da sociedade brasileira, contribuindo para a diversidade étnica e cultural do país, principalmente na literatura, idioma, arquitetura e religião. Apesar de não ter sido tão massiva quanto a migração de outras comunidades, os espanhóis deixaram uma marca na história da imigração para o Brasil.
Quais são os principais sobrenomes espanhóis?
Em 2014, um certo documento causou um verdadeiro burburinho em todos os países latinos americanos, incluindo o Brasil. O documento em questão nada mais era do que uma lista, NÃO OFICIAL, que continha os sobrenomes espanhóis que supostamente teriam direito à cidadania espanhola. É claro, que aqueles que detinham os sobrenomes presentes na lista “foram a loucura”, pois acreditaram que, enfim, poderiam conseguir a tão sonhada cidadania. Eram cerca de 5 mil nomes e entre eles constavam alguns como: Godoy, Pacheco, Barba entre outros.
Assim, o Ministério da Justiça espanhol logo tratou de esclarecer o mal-entendido para acalmar os corações e os sangres calientes dos latinos de toda a América. Infelizmente, além de não ter sido divulgada pelo governo, a Espanha logo tratou de informar que ter sobrenome espanhol, na verdade, não era garantia do direito a cidadania.
Além daqueles elencados na lista, a Espanha tem uma grande variedade de sobrenomes, muitos dos quais têm origens antigas e histórias bem interessantes. Em seguida, vamos mostrar os principais deles, seus significados e muito mais. Confira!
- García: Esse sobrenome é de natureza patronímica, o que significa que se refere à descendência ou filiação ao nome próprio “García”. O nome “García” por si só tem raízes germânicas, sendo derivado do elemento “gart” que significa “forte” ou “valente”.”;
- Fernández: Vem do nome próprio “Fernando”, de origem germânica, significando “corajoso” ou “ousado”. Também é um sobrenome muito comum, remontando à Idade Média;
- López: Derivado do latim ” lupus”, que significa “lobo”, pode ter origem geográfica, indicando alguém que morava perto de uma colina ou montanha. Amplamente difundido na Espanha e América Latina, este sobrenome tem origens que remontam à Idade Média. Este sobrenome também tem direito à cidadania.. ;
- Martínez: Patronímico derivado do nome próprio “Martín”, que tem origens latinas e significa “guerreiro” ou “dedicado a Marte, o deus da guerra”. Muito comum na Espanha, especialmente na região da Galícia;
- Rodríguez: Patronímico de “Rodrigo”, originado do germânico e significa “governante famoso” ou “poderoso na glória”. Esse sobrenome também tem direito à cidadania. ;
- Sánchez: Derivado do latim “sanctius”, que significa “santo” ou “sagrado”.
- Pérez: Patronímico de “Pedro”, que tem origem grega e significa “pedra” ou “rochedo”. Esse é um dos sobrenomes mais comuns na Espanha, especialmente na região da Catalunha;
- Gómez: deriva do nome pessoal “Gome”, de origem germânica, que significa “homem”. Tem raízes na Idade Média e é encontrado em várias regiões da Espanha. Este sobrenome também tem direito à cidadania.
- Díaz: Patronímico de “Diego”, originado do hebraico e significa “aquele que suplanta” ou “substitui”;
- Hernández: Patronímico de “Hernando”, de origem germânica, que significa “corajoso” ou “ousado”, é muito comum em várias regiões da Espanha e países de língua espanhola;
- Gonçalves: tem origens portuguesas e espanholas, sendo derivado do nome pessoal “Gonçalo” ou “Gonzalo”. Este nome, por sua vez, tem raízes germânicas, provavelmente derivado do termo “gunþ”, que significa “batalha”, e “salvo”, que significa “saúde” ou “bem”. Portanto, “Gonçalves” pode ser interpretado como “filho de Gonçalo” ou “descendente de Gonçalo”;
- Oliveira: Devido à sua conexão com uma árvore tão importante na região mediterrânea, o sobrenome Oliveira tornou-se bastante comum em Portugal, Espanha e outras áreas de influência ibérica. A disseminação do sobrenome também ocorreu durante o período de colonização, resultando em sua presença em diversas partes do mundo onde houve influência portuguesa e espanhola;
- Ferreira: tem origens portuguesas e espanholas, derivando do latim “Ferreira”, que significa “ferreiro” ou “aquele que trabalha com ferro”. Esse sobrenome indica uma associação ancestral com a profissão de ferreiro, alguém envolvido na fabricação ou trabalho com ferro, como na produção de ferramentas, armas ou outros objetos de metal.
- É importante notar que a origem e significado dos sobrenomes podem variar, e muitos deles têm raízes antigas que remontam a diferentes períodos históricos. Além disso, o contexto geográfico e histórico pode influenciar as variações e interpretações específicas de cada sobrenome.
Mas, será que ter algum desses sobrenomes é garantia de poder obter a cidadania espanhola? E se eu não tenho esses sobrenomes? A seguir, você vai entender melhor esse assunto e tirar todas as suas dúvidas.
Cidadania espanhola por sobrenome é possível?
Sim, é possível você conquistar a tão sonhada cidadania espanhola por sobrenome! Porém, é importante saber que o simples fato de ser um Garcia ou Lopez não é garantia do direito. Afinal, a obtenção da cidadania espanhola não é determinada unicamente pelo sobrenome. Isso porque, o que de fato determina essa possibilidade é a descendência, e ter um sobrenome espanhol não significa que seus pais, avós ou bisavós eram espanhóis.
A nacionalidade espanhola segue as leis e regulamentos estabelecidos pelo governo espanhol, e o processo de obtenção da cidadania pode envolver vários critérios legais, como residência, casamento com um cidadão espanhol, ascendência espanhola, entre outros.
O sobrenome em si não é um critério direto para a obtenção da cidadania espanhola. No entanto, se você puder comprovar sua ascendência espanhola, isso pode ser um elemento relevante. Por exemplo, caso seus avós sejam cidadãos espanhóis, você pode considerar solicitar a cidadania ainda que você não tenha um sobrenome espanhol.
Quem tem direito a cidadania espanhola em 2024?
Independente de você ter ou não sobrenome espanhol, em 2024, existem 5 formas legais para se tornar um cidadão espanhol. Assim, a primeira e mais comum de todas é a por descendência, concedida pelas leis de “Nacionalidade por opção” e Nacionalidade e pela Lei de Memória Democrática. Além disso, você também pode obter a cidadania por residência, casamento ou por relações com a Espanha. Abaixo vamos explorar um pouco sobre cada uma dessas opções.
1. Nacionalidade por opção
Descendentes de espanhóis têm direito à nacionalidade por opção sem residir na Espanha. Assim, os interessados podem declarar seu desejo ao Cônsul espanhol no Brasil ou país de residência, garantindo a dupla cidadania e passaporte espanhol. Os descendentes de primeira geração, filhos de pai ou mãe nascido na Espanha, são espanhóis de origem, podendo formalizar o reconhecimento da nacionalidade em qualquer idade. Já os de segunda geração, ou seja, netos de espanhóis, têm direito em algumas condições, geralmente até os 19 anos. Exceções incluem casos onde os pais obtiveram nacionalidade por residência antes da maioridade do filho, independente do local de nascimento ou ascendência espanhola.
2. Nacionalidade pela Lei de Memória Democrática
Devido às restrições de idade para reconhecimento da nacionalidade espanhola para netos de espanhóis, muitas vezes o prazo é perdido por desconhecimento ou falta de documentos. Com a Lei de Memória Democrática, há uma ampliação dessa possibilidade para descendentes de qualquer idade, mas isso só é válido até outubro de 2024 (com possível prorrogação por mais um ano). Sendo assim, netos de espanhóis nascidos na Espanha ou descendentes mais distantes podem ter direito à nacionalidade conforme essa lei.
A nova legislação, aprovada após mais de 10 anos de espera, inicialmente abrange filhos e netos, mas pode ser estendida a bisnetos e descendentes mais distantes, dependendo do caso. Os beneficiários incluem filhos maiores de idade de quem optou pela nacionalidade com base na Lei de Memória Histórica, filhos nascidos fora da Espanha de espanholas que perderam a nacionalidade, e filhos ou netos de espanhóis que deixaram a Espanha em períodos específicos, entre outras condições, conforme estudo de caso.
3. Nacionalidade por residência
Anualmente, cerca de 7 mil brasileiros mudam-se para a Espanha, mas o número total de residentes estrangeiros permanece estável devido à obtenção da nacionalidade espanhola por muitos brasileiros após 2 anos de residência legal. A Espanha oferece a oportunidade de solicitar a nacionalidade a cidadãos ibero-americanos após esse período, incluindo brasileiros que residem legalmente no país. O prazo mínimo de residência varia: 2 anos para brasileiros em geral, 1 ano para brasileiros casados com espanhóis, filhos e netos de espanhóis que não puderam optar pela nacionalidade, brasileiros nascidos na Espanha que não solicitaram a nacionalidade de origem, e viúvos ou viúvas de espanhóis.
4. Nacionalidade por casamento
Antes de 1954, uma espanhola que se casasse com estrangeiro perdia a nacionalidade espanhola, enquanto até 1975, uma mulher estrangeira que se casasse com espanhol recebia a nacionalidade. Hoje, não há mais essa distinção. A obtenção da nacionalidade por meio do casamento segue o mesmo procedimento da nacionalidade por residência, com a diferença de que o período de residência na Espanha é reduzido para 1 ano quando casado(a) com espanhol(a). Não é possível adquirir a nacionalidade por casamento fora da Espanha; a residência no país é necessária. O casamento concede benefícios, como a autorização de residência e trabalho e a possibilidade de solicitar a nacionalidade após 1 ano de residência. Se o casamento ocorrer fora da Espanha, é necessário registrar o matrimônio no Registro Civil espanhol para iniciar o prazo de 1 ano para a obtenção da nacionalidade.
5. Pessoas com relação com a Espanha (carta de naturaleza)
A nacionalidade por carta de naturaleza dispensa o requisito de residência e pode ser concedida mesmo quando o beneficiário está fora da Espanha, ainda que ele nunca tenha pisado no país. Esta modalidade é reservada ao Ministro de Justiça, que tem a liberdade de concedê-la a quem considerar digno. Geralmente, ela é dada a indivíduos destacados em áreas como escrita, jornalismo, esportes, ciência e pesquisa, que possam contribuir ou tenham contribuído significativamente para a Espanha.
Há um procedimento para solicitar essa nacionalidade, como documentos necessários, incluindo a certidão de nascimento e o certificado de antecedentes penais do Brasil (apostilados e traduzidos). A concessão da nacionalidade por carta de naturaleza deve ser fundamentada documentalmente.
Enfim, como vimos, para ter direito à cidadania espanhola por sobrenome é necessário muito mais do que se chamar Sanchez ou Diaz. Além disso, é fundamental comprovar ascendência espanhola, se casar com um espanhol ou então morar na Espanha, por pelo menos 2 anos. Sendo assim, se você é neto ou filho de espanhol, não perca mais tempo e dê logo entrada na sua cidadania.
Buenas Suertes!