O Governo português apresentou, no dia 23 de junho de 2025, uma proposta de reforma profunda nas Leis da Nacionalidade e da Imigração, com o objetivo de reestabelecer o controle migratório e garantir uma ligação efetiva dos imigrantes com a comunidade nacional. As medidas visam corrigir o que o Executivo considera um cenário de “imigração descontrolada” nos últimos anos, especialmente após a criação dos vistos CPLP.
A seguir, detalhamos os principais pontos da proposta e o impacto para quem deseja viver em Portugal ou obter a nacionalidade portuguesa.
O que o Governo quer mudar na Lei da Nacionalidade?
Nacionalidade portuguesa: mais exigente e seletiva
A proposta estabelece um novo paradigma: a nacionalidade portuguesa não será automática, ainda que cumpridos requisitos formais. Será necessário demonstrar uma ligação genuína, robusta e duradoura com Portugal.
Principais mudanças:
- Prazos mais longos de residência legal contínua:
- 7 anos para cidadãos de países lusófonos (como o Brasil);
- 10 anos para cidadãos de outros países.
- Contagem se inicia a partir da concessão da autorização de residência (e não mais da entrada em território português).
- 7 anos para cidadãos de países lusófonos (como o Brasil);
- Novas exigências para naturalização:
- Prova de conhecimento da língua, cultura, sistema político e direitos/deveres;
- Declaração formal de adesão aos valores da Constituição portuguesa;
- Criminosos condenados com pena efetiva ficarão automaticamente impedidos de obter a nacionalidade.
- Prova de conhecimento da língua, cultura, sistema político e direitos/deveres;
- Fim da via para descendentes distantes:
- O direito à nacionalidade por ascendência se limitará a filhos, netos e bisnetos de portugueses (os trinetos deixariam de ter acesso).
- O direito à nacionalidade por ascendência se limitará a filhos, netos e bisnetos de portugueses (os trinetos deixariam de ter acesso).
- Revogação do regime para judeus sefarditas: proposta elimina esta via de acesso à nacionalidade, que existia desde 2015.
- Perda de nacionalidade por decisão judicial: para cidadãos condenados por crimes graves (pena ≥ 5 anos).
Residência e reagrupamento familiar: novas barreiras
O regime de concessão de visto e residência legal em Portugal também sofrerá alterações significativas, especialmente no que diz respeito ao reagrupamento familiar e aos vistos de trabalho.
Pontos de destaque:
- Reagrupamento familiar:
- Passa a exigir mínimo de 2 anos de residência legal por parte do requerente, exceção de profissionais altamente qualificados e Golden Visa;
- Familiares maiores de idade deverão fazer o pedido a partir do país de origem;
- Exigência de comprovação de habitação digna e meios próprios de subsistência, excluindo apoios sociais;
- Possibilidade de recusa com base em critérios de saúde, segurança e ordem pública;
- Fim do deferimento tácito (quando o silêncio da Administração resulta em aprovação automática).
- Passa a exigir mínimo de 2 anos de residência legal por parte do requerente, exceção de profissionais altamente qualificados e Golden Visa;
- Vistos CPLP:
- Serão mantidos, mas com parecer obrigatório da PSP – Unidade de Fronteiras;
- Não será mais possível pedir residência já em Portugal após entrada como turista.
- Serão mantidos, mas com parecer obrigatório da PSP – Unidade de Fronteiras;
- Vistos de trabalho sem contrato:
- Restringem-se a profissionais altamente qualificados, com critérios definidos em conjunto com universidades e empregadores.
Criação de nova estrutura para controle migratório
A proposta inclui a criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras, vinculada à PSP, com competências reforçadas para:
- Fiscalização de permanências ilegais;
- Verificação de documentação e integração;
- Execução de decisões de expulsão.
O que isso significa para brasileiros?
O novo modelo migra de uma política permissiva para uma abordagem seletiva e controlada.
Para o brasileiro, isso significa:
Situação atual do imigrante | Impacto provável |
Brasileiro com pais ou avós portugueses | Sem alterações imediatas – oportunidade segue forte para obtenção de cidadania |
Brasileiro residente legal há 5 anos | Passa a exigir 7 anos de residência legal para cidadãos lusófonos, e 10 para os demais. |
Brasileiro que planeja entrar como turista e regularizar depois | Esse caminho está com os dias contados – será necessário pedir visto ainda no Brasil |
Imigrante com familiares no Brasil | Reagrupamento poderá ser mais difícil ou demorado a depender do tipo de visto aplicado. |
Imigrante em situação irregular | Risco maior de fiscalização, deportação e limitação futura de direitos |
Recomendação jurídica: como se proteger agora?
Na Start! Be Global, já estamos adotando medidas para garantir a segurança jurídica dos nossos clientes:
- Antecipação de processos de nacionalidade: especialmente para quem já preenche os requisitos atuais (5 anos de residência, vínculos familiares, etc.).
- Solicitação de vistos ainda no Brasil, com análise estratégica do melhor caminho (trabalho, empreendedorismo, estudo ou aposentadoria).
- Planejamento migratório familiar com base nas novas exigências para o reagrupamento.
- Assessoria ativa para brasileiros com direito à nacionalidade portuguesa por filiação ou ascendência – esse é o canal menos afetado pelas mudanças propostas.
Considerações finais
Esta proposta marca uma inflexão clara na política migratória portuguesa. O foco do Governo é qualificar a imigração, aumentar o grau de exigência e garantir uma integração real dos imigrantes no país.
Embora ainda esteja em fase de tramitação legislativa, a expectativa é que parte dessas medidas avance rapidamente.
Por isso, quem deseja obter a nacionalidade portuguesa ou iniciar um processo de visto/residência deve buscar orientação jurídica especializada com urgência para entender como essas mudanças podem impactar seu caso.
Na Start! Be Global, somos especialistas em processos de imigração e nacionalidade. Atuamos com segurança jurídica, clareza e responsabilidade — sempre atualizados com as normas em vigor. Se você quer morar legalmente em Portugal ou conquistar sua cidadania portuguesa, fale com um dos nossos consultores.